Archive for maio \28\+02:00 2008

Diga não à erotização infantil

maio 28, 2008

Não pude ficar indiferente ao apelo do blog Diga não à erotização infantil e estou me juntando à sua campanha. Cada um de nós e todos nós juntos somos responsáveis pelo que acontece às crianças, sejam nossos filhos, sobrinhos, alunos, filhos de amigos ou até mesmo desconhecidos. Sim, é exatamente o que quero dizer: todos temos a nossa parcela de responsabilidade se, sabendo de qualquer tipo de violência que uma criança sofre, ficamos indiferentes e nos limitamos a pensar que essa é uma coisa horrível. É preciso fazer um pouco mais do que isso: é preciso demonstrar a nossa indignação e fazer qualquer coisa de concreto, dentro do nosso campo de ação, para ajudar a reverter esse quadro.

Infelizmente, porém, não é nem unaminidade que a erotização infantil seja “horrível” e que seja uma violência: estou cansada de ver adultos, inclusive pais, que elogiam, acham “tão bonitinho” e estimulam as crianças (sobretudo meninas) que se vestem como adultos em miniatura e executam coreografias pornográficas. Essa, porém, é a meu ver uma violação da integridade psíquica e moral da criança, da sua imagem e da sua identidade (Estatuto da Criança e do Adolescente, art. 17).

Segundo as editoras do blog (recomendo a visita e a divulgação desse trabalho importantíssimo), todos nós podemos fazer alguma coisa:

Basta estar atento e agir. Se você, pai ou educador, se preocupa com o quadro que apresentamos, tem muitas atitudes a tomar.

Divulgue esta campanha; Não permita que seus filhos se vistam como adultos; Não estimule as coreografias por vezes pornográficas que alguns “artistas” apresentam; Não financie a roda da fortuna criada com o lançamento indiscriminado de banalidades e produtos anti-educativos gerados pela mídia com intenção exclusiva de lucro.

Você tem este poder de ação. Todos somos responsáveis pela nova geração que estamos deixando para assumir o mundo. Nossa responsabilidade é tornar nossas crianças adultos felizes, equilibrados, realizados e cidadãos conscientes do seu espaço e dos outros.

A criança e o adolescente têm o direito (logo, nós temos em relação a elas um dever) de serem respeitadas “como pessoas humanas em processo de desenvolvimento” (Estatudo da Criança e do Adolescente, art. 15). Antes de ser uma lei federal, essa é uma obrigação imposta pela nossa consciência.

Sodade, por Cesarea Evora

maio 28, 2008

Veja o vídeo no YouTube

Cá estou eu de novo às voltas com a saudade… “Esse blog está virando um divã de analista…” vocês podem dizer. Eu, porém, afirmo que não estou procurando outra coisa.

Hoje me emocionei ouvindo a maravilhosa Cesarea Evora e a “sodade” já não pesava tanto, passei o resto da manhã cantarolando essa belíssima melodia. Nada mais belo que transformar o sentimento em arte! Até a dor mostra a sua beleza, transfigurada.

Saudade! Nostalgia! Soidade! Sodade!

maio 27, 2008

Estava falando de saudade com uma amiga minha. Ela, com saudade do marido, que veio passar a “bella stagione” na Itália e eu com saudade da minha família, dos meus amigos, colegas de trabalho, ex-alunos, pessoal da comunidade, do meu ambiente de trabalho, das pedras da rua…

Comentei com ela que estava “naturalmente” com saudade e que na minha opinião essa é a palavra que nós brasileiros mais conhecemos; que o resto do mundo não entende nem sente muito isso. Ela depois me mandou um outro e-mail com umas coisas que eu achei tão bonitas que quis compartilhar (claro, com a sua autorização). Principalmente porque quem conhece Anésia não está acostumado a ouvi-la falar assim.

Então, lá vai: pasmem-se ou emocionem-se. Ou todos dois.

“É verdade que só nós brasileiros sabemos o significado dessa palavra ‘saudade’. É quase uma exclusividade do vocabulário da língua portuguesa em relação às línguas românicas.

E como é gostoso sentir saudade, pois só assim podemos saber e medir o quanto amamos alguém, ou saboreamos algo; é através desse sentimento tão gostoso que descobrimos quanto o outro é importante na nossa vida.

Uma pesquisa feita entre os tradutores britânicos apontou a palavra ‘saudade’ como a sétima palavra de mais difícil tradução. Eu sempre interroguei por que sentimos saudade e por que ficamos alegres quando a matamos, mesmo que no outro dia ela torne a nos matar. Minha sobrinha Carla, de 11 anos, quando tinha cinco definiu saudade como uma dor no coração. (…)

Como diz um autor desconhecido ‘Como é bom contemplar o céu, interrogar uma estrela e pensar que ao longe bem longe em outro lugar alguém contempla esse mesmo céu, essa mesma estrela e murmura baixinho ‘que saudade’.

Henrique Maximiliano C. Neto (1864 – 1934) disse: ‘A casa da saudade chama-se memória: é uma cabana pequena a um canto do coração’. Claro que foi um escritor e romancista brasileiro quem disse.

(…)

Os europeus falam nostalgia, nós falamos saudade, em galego existe a mesma palavra saudade por vezes na variante soidade. Em crioulo Cabo-Verde existe a palavra sodade ou sodadi derivada da portuguesa saudade e com o mesmo significado. Mas sentir saudade de verdade só nós brasileiros sabemos. Mesmo porque estamos sempre vivendo de saudade.”

Ah, o título é uma adaptação minha do assunto que ela deu ao e-mail. E eu continuo “vivendo de saudade”…

Todas as estradas nos afastam de Roma

maio 20, 2008

Para quem não conhece Roma, a cidade é circundada por uma auto-estrada tangencial, sem pedágio, chamada de “Grande Raccordo Anulare” (GRA) ou simplesmene “Raccordo”, como dizem os romanos. É um verdadeiro círculo (por isso anular) ao redor da cidade, com várias saídas por todo o percurso, nas quais é possível dirigir-se para o centro da cidade ou para fora do anel. É uma coisa cômoda, se levarmos em consideração que Roma tem um dos trânsitos mais caóticos do mundo e atravessar a cidade de carro é tarefa quase impossível, principalmente em certas horas dos dias feriais.

Dito isso, vamos aos fatos.

Claudio já me disse muitas vezes que gosta muito de dirigir. Talvez por isso (inconscientemente) erre a estrada para ficar mais tempo dentro do carro. Vai-se saber! Quem é que pode afirmar que conhece a tão complicada mente humana? O fato é que já é um clássico: todas as vezes que viajamos de carro, não importa se é uma viagem de centenas de quilômetros ou um giro dentro dos limites do Grande Raccordo Anulare, nós nos perdemos.

Da última vez (na verdade, penúltima, porque antes que eu publicasse o post aconteceu de novo, mas já tinha me decidido a contar esse episódio… risos) tínhamos ido visitar um médico amigo dele que trabalha no leste da cidade (nós moramos no sul). Na volta pra casa, no final da tarde, Claudio pegou uma estrada que nos levaria para o Raccordo a fim de evitar o tráfego do centro da cidade e, quando percebeu, estávamos diante dos guichês de uma auto-estrada que conduzia, naturalmente, para longe de Roma. Então ele diminuiu a velocidade, mas ficou alguns segundos sem saber o que fazer. Nesse meio tempo eu vi a indicação para uma cidade chamada Lunghezza e disse:

– Por que você não sai da estrada, fazendo de conta que vai pra Lunghezza, depois faz o retorno, pega a estrada de novo e volta pra Roma?

E ele, começando a rir:

– É o jeito, lá vou eu pagar a auto-estrada. Eu pago, pago, pago e ela ri, ri, ri…

Porque, verdade seja dita, eu me divirto e rio até as lágrimas nessas situações. Depois fico fazendo piada com a cara dele pelo menos por um mês.

Fizemos como eu tinha dito: ele pagou o pedágio de € 1,10 (sorte dele que era pouco, mas já pensou quanto dá no final de um mês?), saiu da estrada, fez o retorno, pagou de novo o pedágio (e eu rindo) e nós voltamos pra casa.

Durante todo o trajeto fizemos piadas com essa história. Eu disse que até o nome da cidade onde fomos parar era perfeito, afinal pra alongar o caminho quer melhor direção que Lunghezza? E ele me respondeu:

– Claro, senão a cidade deveria se chamar “Cortezza”.

Eu ria mais ainda porque quando começamos o trajeto de volta e vi que ele estava fazendo uma estrada diferente daquela que tínhamos feito na ida, disse pra ele prestar atenção e não errar de novo (eu preciso dizer que ele errou a estrada na ida? Parece mentira, mas não estou inventando nem aumentando nada…). Quando mencionei essa observação que tinha feito, ele disse que tinha se distraído conversando comigo, que estava todo relaxado batendo papo e não viu a indicação para o Raccordo. Mais uma prova de que os homens não conseguem fazer duas coisas ao mesmo tempo, enquanto nós mulheres… mas isso é outra história.

Bem, é por essas e outras que aquele ditado precisa ser mudado ou pelo menos atualizado: “Todas as estradas levam a Roma”? Pode até ser, desde que não seja com Claudio ao volante.

Fim do 13º salário?!?!

maio 14, 2008

Hoje recebi por email mais uma daquelas mensagens que, verdadeiras, seriam sensacionalistas, mas que muitas vezes não passam de lendas (com todo o merecido respeito às lendas) e, atrevo-me a afirmar, quase sempre mal redigidas.

Dessa vez, tratava-se de uma notícia que já havia recebido anteriormente, havia pesquisado e, vendo que era falsa, simplesmente apaguei. Hoje resolvi agir de modo diferente, divulgando o resultado da minha pesquisa. Talvez eu não consiga atingir muita gente com essa informação – e certamente não o farei -, mas pelo menos eu fiz a minha parte e não me juntei ao rebanho dos desocupados que simplesmente encaminham mensagens sem saber se têm ou não fundamento: eu pertenço, ao invés disso, àquele outro grupo de desocupados – os que gastam horas pesquisando na Internet para verificar a veracidade de uma notícia e depois aproveitam para atualizar o próprio blog.

Trata-se, nesse caso, daquele email que anuncia o fim do 13o  salário, da licença maternidade e diz que as férias serão pagas em 10 vezes. Penso que quase todos nós já o recebemos. A pessoa que o escreveu provavelmente queria falar do Projeto de Lei 5483/01, enviado ao Congresso pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, cujo objetivo era flexibilizar as relações trabalhistas, modificando o artigo 618 da CLT. Esse projeto, porém, foi definitivamente arquivado pelo Senado Federal, a pedido do presidente Luís Inácio Lula da Silva, em sessão do dia 10 de abril de 2003 (2003!!! Estamos em 2008!!!)

Além de tratar de matéria arquivada, o texto mistura alhos com bugalhos: refere-se aos “deputados federais que estão tentando neste momento aprovar no Senado” (grifo nosso) o tal projeto. Acontece que os deputados trabalham (ou deveriam trabalhar) na Câmara Federal; os senadores, no Senado e as duas casas são independentes.

Apresenta, a seguir, uma lista de doze nomes de deputados, dos quais um licenciou-se para exercer cargo de ministro, um renunciou no dia 21/09/2005 para não ser cassado, outro foi cassado no dia 15/03/2006, três não foram reeleitos, portanto, não são mais deputados e, dos seis que continuam na Câmara, dois mudaram de partido (o que, diga-se de passagam, não é novidade entre os políticos brasileiros). Quero ressaltar que metade dos nomes daqueles que, segundo o email, estão “neste momento” tentando aprovar o tal projeto não são mais deputados…

Que tal se nós começássemos a observar e divulgar o que os deputados realmente estão fazendo agora em vez de simplesmente encaminhar notícias velhas como se fossem furos de reportagem?…

As grandes idéias são simples

maio 12, 2008

Visitando o blog do Alessandro Martins, fiquei sabendo da história do pipoqueiro Valdir, de Curitiba. E fiquei fascinada, é quase como se o conhecesse.

Valdir é como nós gostaríamos de ser quando crescermos: alguém que, com uma idéia aparentemente simples, conseguiu realizar-se profissionalmente.

Que não se confunda, porém, simplicidade com ausência de esforço. Ele trabalha cerca de 80% do seu dia, o que contraria uma das expectativas de quem pensa em ser autônomo. De fato, entre as pessoas que desejam ser seu próprio patrão, muitas desejam trabalhar menos e ganhar mais. O que se observa, porém, é que, mesmo que o segundo objetivo se realize, o mesmo não acontece com o primeiro.

Começar – e manter – um empreendimento exige trabalho árduo e muita dedicação. Mas eu creio que os resultados compensem. Penso que todos nós conhecemos alguém (talvez até nós mesmos, em alguma fase de nossa vida) que trabalha pouco, tem muito tempo livre e vive taciturno. Por outro lado, conheço muita gente trabalhando pra si mesma que quase não tem folga e transpira entusiasmo por todos os poros, fazendo aquilo que sabe e gosta de fazer (elas gostam porque sabem ou fazem bem porque gostam daquela atividade?…).

Aquilo que eu chamo, porém, idéia simples é justamente aquela coisa que você sabe fazer bem, que todo mundo elogia, mas você nunca pensou em ganhar dinheiro com aquilo. Faz porque gosta. É esse o ponto: se você transformar isso num trabalho, vai viver como se não tivesse nunca mais que trabalhar.

Caso português

maio 10, 2008

Não, esse título não é um erro gráfico, eu não pretendia escrever a “casa portuguesa”, canção que lembra minha infância, embora naquele tempo nós não tivéssemos muita chance de ouvir música – tínhamos apenas um rádio, herança paterna e que um dia meu irmão mais novo desmontou “pra ver como era por dentro”.

Devo afirmar ainda que esse é um caso verídico, não sou muito afeita a contar piadas de português, não por falso moralismo, é que não me agrada ouvir, entre estrangeiros, piadas de brasileiro, ou entre sulistas as famigeradas piadas de nordestino, de baiano…

Enfim, esse caso se deu quando eu viajava pela primeira vez do Brasil para a Itália com uma escala em Lisboa. Estava curiosa pra ver ainda que fosse uma pequena mostra daquele país de que tantas vezes ouvimos falar nas aulas de história. Desejava ver mais de perto alguns portugueses e descobrir afinal sua inteligência pra desmentir todas as piadas que ouvisse de volta pra casa. Tínhamos pelo menos duas horas de espera até o prósimo vôo com destino a Milão, e eu considerei que era tempo suficiente para essa pesquisa, que não era afinal tão científica assim.

Nossa primeira dificuldade no aeroporto foi encontrar um banheiro. Esqueci de dizer que não estava sozinha, viajava com quatro amigas (sei de alguém que vai dizer que esse esquecimento é ainda orgulho, que preciso trabalhar a humildade…). Pois bem, depois de arrastar nossa bagagem de mão por quase todo o aeroporto, encontramos o banheiro e nos pusemos mais apresentáveis para nossa excursão possível ao que se nos apresentava do velho Portugal.

Uma de minhas amigas já havia ficado encantada com o policial com quem falou no desembarque. Ele, enquanto olhava seu passaporte, aproveitou para fazer-lhe uma pequena entrevista que não era exatamente o que se espera responder num aeroporto… Ela saiu rindo e dizendo que Joaquim era um nome muito bonito. Nós rimos muito das besteiras que ela dizia e dissemos que não se esquecesse de que nós estávamos fora do Brasil, mas que todo mundo ali falava a mesma língua. E recomendamos muito cuidado com os micos – essa minha amiga tem pós-doutorado em micos, mas esta é outra história…

Andamos pelas lojas observando roupas, acessórios, perguntando o preço de tudo e não comprando nada, que afinal um euro estava valendo três reais, não dava pra sair comprando assim. Mas até aí eu achava tudo normal, exceto alguns itens do vestuário feminino expostos nas vitrines das lojas e que eu achei um tanto exagerados nas cores e detalhes chamativos.

Afinal, depois de andar à toa por um bom tempo, decidimos nos sentar numa sala de espera porque não era lá muito agradável ficar andando com aquela bagagem. Mas isso também não foi uma idéia muito boa: a sala tinha um forte cheiro de cigarro e, embora eu não tenha nada contra os fumantes, afinal cada um tem o direito de se maltratar como quiser, eu não suporto cheiro de cigarro nem me agrada a idéia de ficar intoxicando meu corpo. Procurei a área de não fumantes e não encontrei. Então estudei cuidadosamente a sala em todas as direções, porque era bem espaçosa, e como não encontrava mesmo uma área reservada para não fumantes, resolvi me informar com uma das moças que trabalhavam por ali.

Fui em direção ao balcão ainda muito hesitante, porque havia visto muitas placas indicando “zona de fumadores” e muitos cinzeiros espalhados pela sala. Em cada canto da sala havia uma placa daquelas, mas não havia nenhuma de “não fumadores”. Pensei que poderíamos estar na sala errada, mas mudei de idéia por causa das placas. Se fosse uma sala só de fumantes, eles teriam posto o aviso “sala de fumadores” ou algo parecido na entrada e não tantos cartazes espalhados ao redor da sala. Então criei coragem e perguntei à moça que me pareceu a mais simpática:

– Por favor, onde é a área de não fumantes?

Ao que ela me respondeu com um “Ahn?” e uma careta de quem não entendeu bulhufas. Resolvi traduzir:

– Por favor, onde é a “zona de não fumadores”?

“Ah, que vergonha”, pensei ao ver sua expressão. Ela me fez uma cara de quem não acreditava no que eu havia perguntado e me respondeu simplesmente:

– Em todos os lugares onde não há a indicação de zona de fumadores…

Como se aquilo fosse a coisa mais lógica do mundo.

Como e por que eu copiei o mestre

maio 8, 2008

É verdade, o título do blog eu peguei emprestado de Guimarães Rosa. Explico por quê: Ave, palavra é um livro póstumo de Rosa, publicado em 1970 (ano importantíssimo do meu nascimento… rs…), definido pelo própio autor como uma “miscelânea”. Com isso ele se referia ao fato de que a obra apresentava composições literárias variadas, como contos, poesias, notas de viagem, meditações etc.

No meu caso, a miscelânea será somente porque esse blog se propõe a ser uma mistura de coisas diversas, um espaço para eu satisfazer a necessidade de comunicar meus conhecimentos, sentimentos, impressões, meditações acerca do que estiver acontecendo ao nosso redor. Esse blog também é seu: sinta-se à vontade para comentar, sugerir, fazer suas críticas. Não passe despercebido.

O motivo mais importante, porém, para a escolha do título é o desejo de expressar o meu imenso respeito pela palavra, esse ente poderosíssimo, capaz de criar e destruir. É também um modo de dizer que não tomo a palavra, sou tomada por ela, entro num discurso que já existe, que foi iniciado muito antes de mim e de você e cumprimento-a respeitosamente: Ave, Palavra!