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Dos exageros

maio 17, 2010

São muitos os exemplos de sentimentos exagerados, na vida e na arte. Quem não se lembra da confissão do poetinha?

Soneto do amor total

Amo-te tanto, meu amor… não cante
O humano coração com mais verdade…
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade

Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

Quem dá demasiado normalmente recebe pouco. Quando controlamos tudo, cuidamos de todos os detalhes, não deixamos espaço para as surpresas agradáveis com que tanto sonhamos… Uma vez alguém me disse: “Você não deixa as coisas acontecerem…” Foi uma frase dura de ouvir, mas era verdade: eu lhe enchia a vida e com isso não lhe sobrava espaço para que ocupasse, por seu turno, um pouco da minha vida.

O comedimento é uma lição difícil de aprender. Minha avó dizia sabiamente que “tudo demais é sobra”. Drummond confessou em As sem-razões do amor:

Eu te amo porque não amo

bastante ou demais a mim.

 E meu compadre Guimarães, que não me canso de citar, escreveu: “Ajuda-te um pouco menos, para Deus poder te ajudar!”.